quinta-feira, 12 de maio de 2011

" Quando se deseja realmente dizer alguma coisa as palavras são inúteis. Eu remexo o cérebro, e elas vêm, não raras, mas às toneladas. Contudo, deixam sempre um gosto de poeira na boca. A poeira do sentimento que se desejava expressar e elas dissolveram. Quanto mais palavras nos ocorrem para vestir uma idéia, mais essa idéia sucumbe. As sucessivas roupagens sufocam a sua nudez. E todas as palavras são uma grande bolha de sabão, ocultando o que é apenas o vazio. Ah, se eu pudesse escrever com os olhos, com as mãos, com os cabelos - com todos esses arrepios estranhos que um entardecer de outono, igual ao de hoje, provoca na gente."


Terminei ontem de ler Limite Branco, o livro do Caio no qual as palavras acima estão inseridas nas páginas 175 e 176. Talvez uma das obras mais intensas que já li. Maurício, um ser capaz de sentir e pensar como já quase não se vê. Sensível, sonhador. Conflituado. Me levou a produzir sinceras mágoas.

Super recomendo.

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