sábado, 30 de julho de 2011


"Il problema è che abbiamo paura, basta guardarci.
Viviamo con l'incubo che da un momento all'altro tutto quello che abbiamo costruito possa distruggersi.
Con il terrore che il tram su cui siamo possa deragliare.
Paura dei bianchi, dei neri,della polizia e dei carabinieri con l'angoscia di perdere il lavoro 
ma anche di diventare calvi, grassi, gobbi, vecchi, ricchi.
Con la paura di perdere i treni e di arrivare tardi agli appuntamenti.
Che scoppi una bomba,di rimanere invalidi, di perdereun braccio, un occhio, un dente, un figlio,  un foglio.
Un foglio su cui avevamo scritto una cosa importantissima.
Paura dei terremoti, paura dei virus,paura di sbagliare, paura di dormire;
paura di morire prima di aver fatto tutto quello che dovevamo fare.
Paura che nostro figlio diventi omosessuale,di diventare omosessuali noi stessi.
Paura del vicino di casa, delle malattie,di non sapere cosa dire,di avere le mutande sporche in un momento importante.
Paura delle donne, paura degli uomini,paura dei germi dei ladri, dei topi e degli scarafaggi.
Paura di puzzare, paura di votare, di volare, paura della folla, di fallire, paura di cadere, di rubare, di cantare, paura della gente.
Paura degli altri."

(Testo del monologo sulla paura di Fabio De Luigi dal film "Happy Family")

sábado, 23 de julho de 2011

"I told you I was trouble..."

Não estou chocada tampouco surpresa. A virginiana Amy Jade Winehouse estava procurando o juízo final desde a sua adolescência quando aos dezesseis anos despontou como uma grande promessa do Jazz. A amizade com Pete Doherty e o casamento com o infeliz do Blake Fielder-Civil só consumaram a sua entrega às drogas pesadíssimas. Amy viveu Trainspotting e Requiem for a dream "ao vivo". Eu fico pensando que a imprensa também aumentou muito os escândalos da cantora - pois cada suspiro fora da linha vendia jornais, revistas e matérias na internet.Essa mistura, essa pressão louca e a predisposição que a Amy tinha para confusões sempre resultou em grandes bafões. 
Eu tive a oportunidade de estar há menos de um metro da estrelinha antes do seu show em Florianópolis.Depois de dois anos sem nenhuma apresentação ela fez a sua reestréia no Brasil. Fui muito feliz naquela noite quente de janeiro!
Pode parecer piegas, mas Amy morreu aos 27. Não vou tecer comparações - apenas registrar.Aplicou direitinho a teoria do James Dean: "die young and make a beatiful corpse."
Ah, para lembrar...Meu post sobre o show da Amy está aqui: http://glamourcompimenta.blogspot.com/2011/01/amy-is-back-but-not-to-black.html 
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"...hand me your Stella and fly..."

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O dia que Júpiter encontrou Saturno - ou "o dia de hoje"

Foi a primeira pessoa que viu quando entrou. Tão bonito que ela baixou os olhos, sem querer querendo que ele também a tivesse visto. Deram-lhe um copo de plástico com vodka, gelo e uma casquinha de limão. Ela triturou a casquinha entre os dentes, mexendo o gelo com a ponta do indicador, sem beber. Com a movimentação dos outros, levantando o tempo todo para dançar rocks barulhentos ou afundar nos quartos onde rolavam carreiras e baseados, devagarinho conquistou uma cadeira de junco junto a janela. A noite clara lá fora estendida sobre Henrique Schaumann, a avenida poncho & conga, riu sozinha. Ria sozinha quase o tempo todo, uma moça magra querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz. Molhou os lábios na vodka tomando coragem de olhar para ele, um moço queimado de sol e calças brancas com a barra descosturada. Baixou outra vez os olhos, embora morena também, e suspirou soltando os ombros, coluna amoldando-se ao junco da cadeira. Só porque era sábado e não ficaria, desta vez não, parada entre o som, a televisão e o livro, atenta ao telefone silencioso. Sorriu olhando em volta, muito bem, parabéns, aqui estamos.

Não que estivesse triste, só não sentia mais nada.

Levemente, para não chamar atenção de ninguém, girou o busto sobre a cintura, apoiando o cotovelo direito sobre o peitoril da janela. Debruçou o rosto na palma da mão, os cabelos lisos caíram sobre o rosto. para afastá-los, ela levantou a cabeça, e então viu o céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Vista assim parecia não uma moça vivendo, mas pintada em aquarela, estatizada feito estivesse muito calma, e até estava, só não sentia mais nada, fazia tempo. Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco parada assim, meio remota, o moço das calças brancas veio se aproximando sem que ela percebesse.

Parado ao lado dela, vistos de dentro, os dois pintados em aquarela - mas vistos de fora, das janelas dos carros procurando bares na avenida, sombras chinesas recortadas contra a luz vermelha.

E de repente o rock barulhento parou e a voz de John Lennon cantou every dau, every way is getting better and better. Na cabeça dela soaram cinco tiros. Os olhos subitamente endurecidos da moça voltaram-se para dentro, esbarrando nos olhos subitamente endurecidos dos moço. As memórias que cada um guardava, e eram tantas, transpareceram tão nitidamente nos olhos que ela imediatamente entendeu quando ele a tocou no ombro.

-Você gosta de estrelas?
-Gosto. Você também?
-Também. Você está olhando a lua?
-Quase cheia. Em Virgem.
-Amanhã faz conjunção com Júpiter.
-Com Saturno também.
-Isso é bom?
-Eu não sei. Deve ser.
-É sim. Bom encontrar você.
-Também acho.

(Silêncio)

-Você gosta de Júpiter?
-Gosto. Na verdade "desejaria viver em Júpiter onde as almas são puras e a transa é outra".
-Que é isso?
-Um poema de um menino que vai morrer.
-Como é que você sabe?
-Em fevereiro, ele vai se matar em fevereiro.

(Silêncio)

-Você tem um cigarro?
-Estou tentando parar de fumar.
-Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
-Você tem uma coisa nas mãos agora.
-Eu?
-Eu.

(Silêncio)

-Como é que você sabe?
-O quê?
-Que o menino vai se matar.
-Sei de muitas coisas. Algumas nem aconteceram ainda.
-Eu não sei nada.
-Te ensino a saber, não a sentir. Não sinto nada, já faz tempo.
-Eu só sinto, mas não sei o que sinto. Quando sei, não compreendo.
-Ninguém compreende.
-Às vezes sim. Eu te ensino.
-Difícil, morri em dezembro. Com cinco tiros nas costas. Você também.
-Também, depois saí do corpo. Você já saiu do corpo?

(Silêncio)

-Você tomou alguma coisa?
-O quê?
-Cocaína, morfina, codeína, mescalina, heroína, estenamina, psilocibina, metedrina.
-Não tomei nada. Não tomo mais nada.
-Nem eu. Já tomei tudo.
-Tudo?
-Cogumelos têm parte com o diabo.
-O ópio aperfeiçoa o real
-Agora quero ficar limpa. De corpo, de alma. Não quero sair do corpo.

(Silêncio)

-Acho que estou voltando. Usava saias coloridas, flores nos cabelos.
-Minha trança chegava até a cintura. As pulseiras cobriam os braços.
-Alguma coisa se perdeu.
-Onde fomos? Onde ficamos?
-Alguma coisa se encontrou.
-E aqueles guizos?
-E aquelas fitas?
-O sol já foi embora.
-A estrada escureceu.
-Mas navegamos.
-Sim. Onde está o Norte?
-Localiza o Cruzeiro do Sul. Depois caminha na direção oposta.

(Silêncio)

-Você é de Virgem?
-Sou. E você, de Capricórnio?
-Sou. Eu sabia.
-Eu sabia também.
-Combinamos: terra.
-Sim. Combinamos.

(Silêncio)

-Amanhã vou embora para Paris.
-Amanhã vou embora para Natal.
-Eu te mando um cartão de lá.
-Eu te mando um cartão de lá.
-No meu cartão vai ter uma pedra suspensa sobre o mar.
-No meu não vai ter pedra, só mar. E uma palmeira debruçada.

(Silêncio)

-Vou tomar chá de ayahuasca e ver você egípcia. Parada do meu lado, olhando de perfil.
-Vou tomar chá de datura e ver você tuaregue. Perdido no deserto, ofuscado pelo sol.
-Vamos nos ver?
-No teu chá. No meu chá.

(Silêncio)

-Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
-Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
-Vou te escrever carta e não te mandar.
-Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
-Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
-Vou ver Saturno e me lembrar de você.
-Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
-O tempo não existe.
-O tempo existe, sim, e devora.
-Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido. Alfazema?
-Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
-E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.

(Silêncio)

-Mas não seria natural.
-Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
-Natural é encontrar. Natural é perder.
-Linhas paralelas se encontram no infinito.
-O infinito não acaba. O infinito é nunca.
-Ou sempre.

(Silêncio)

-Tudo isso é muito abstrato. Está tocando "Kiss, kiss, kiss". Por que você não me convida para dormirmos juntos.
-Você quer dormir comigo?
-Não.
-Porque não é preciso?
-Porque não é preciso.

(Silêncio)

-Me beija.
-Te beijo.

Foi a última pessoa que viu ao sair. Tão bonita que ele baixou os olhos, sem saber sabendo que ela também o tinha visto. Desceu pelo elevador, a chave do carro na mão. Rodou a chave entre os dedos, depois mordeu leve a ponta metálica, amarga. Os olhos fixos nos andares que passavam, sem prestar atenção nos outros que assoavam narizes ou pingavam colírios. Devagarinho, conquistou o espaço junto à porta. Os ruídos coados de festas e comandos da madrugada nos outros apartamentos, festas pelas frestas, riu sozinho. Ria sozinho quase sempre, um moço queimado de sol, com a barra branca das calças descosturadas, querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz.

Mordeu a unha junto com a chave, lembrando dela, uma moça magra de cabelos lisos junto à janela. Baixou outra vez os olhos, embora magro também. E suspirou soltando os ombros, pés inseguros comprimindo o piso instável do elevador. Só porque era sábado, porque estava indo embora, porque as malas restavam sem fazer e o telefone tocava sem parar. Sorriu olhando em volta.

Não que estivesse triste, só não compreendia o que estava sentindo.

Levemente, para não chamar a atenção de ninguém, apertou os dedos da mão direita na porta aberta do elevador e atravessou o saguão de lado, saindo para a rua. Apoiou-se no poste da esquina, o vento esvoaçando os cabelos, e para evitá-lo ele então levantou a cabeça e viu o céu. Um céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Visto assim parecia não um moço vivendo, mas pintado num óleo de Gregório Gruber, tão nítido estava ressaltado contra o fundo da avenida, e assim estava, mas sem compreender, fazia tempo. Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco, a moça debruçou-sena janela lá em cima e gritou alguma coisa que ele não chegou a ouvir. Parado longe dela, a moça visível apenas da cintura para cima parecia um fantoche de luva, manipulado por alguém escondido, o moço no poste agitando a cabeça, uma marionete de fios, manipulada por alguém escondido.

De repente um carro freou atrás dele, o rádio gritando "se Deus quiser, um dia acabo voando". Na cabeça dele soaram cinco tiros. De onde estava, não conseguiria ver os olhos da moça. De onde estava, a moça não conseguiria ver os olhos dele. Mas as memórias de cada um eram tantas que ela imediatamente entendeu e aceitou, desaparecendo da janela no exato instante em que ele atravessou a avenida sem olhar para trás.
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Pra quem não conhece, este texto é do Caio Fernando Abreu.

domingo, 17 de julho de 2011

Eu ando uma chata. Questionando mileumacoisas. Batendo na mesma tecla. Querendo me livrar do "virtualismo da atualidade". Agitada high level. Pra ontem. Tentando aceitar o que a vida me oferece.
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Desculpaê. Alguém me explica porque 99% das mulheres mais maravilhosas que eu conheço estão solteiras? Fico horas e horas me questionando isso. Todos os dias - toooooodos os diaaaaaas, eu ouço alguma beldade se lamuriar - só hoje foram SEIS!!!E não são bonecas Barbie falando...São mulheres normais, que pegam trem, ônibus, trânsito caótico para enfrentar horas de trabalho desgastante. Mulheres que estudam, lêem, vão ao cinema, são informadas. Perspicazes, líderes, versáteis. Moças que frequentam estádios de futebol, bares,igreja, casas espíritas. Umas queridas, fofas e simpáticas.
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Alouuuuuuu, Terra chamando os homens!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Let's Rock it!



You say you want a revolution
Well, you know
We all want to change the world
You tell me that it's evolution
Well, you know
We all want to change the world
But when you talk about destruction
Don't you know you can count me out
Don't you know it's gonna be
All right
(...)

domingo, 10 de julho de 2011

"Desvio-padrão"

Costumo dizer que meu "desvio-padrão" anda aumentando. Não sei se isso é bom ou ruim, apenas sei que continuarei assim. Eu não tenho orkut. Não tenho facebook. Não gosto de U2 muito menos de sertanejo (seja ele universitário ou pós graduado). Não gosto de rave. Não tomo refrigerante. Sobrou o quê mesmo?Podem dizer que sou uma chata - não estou nem aí. Mesmo eu com a minha vida monótona de menina que já leu nove livros neste ano, fala quatro línguas e viaja o mundo afora posso ter alguma graça. Essa tal graça é a justificativa que estou tentando achar para entender a pessoa que anda seguindo minha vida. Não consigo entender como alguém pode perder seu tempo tentando descobrir onde eu fui ontem e o que eu vou fazer amanhã!Como eu já disse, minhas fotos não estão lá para serem "curtidas". Não coloco no foursquare que estou entrando no Cabaret. Não publico vídeos comprometedores. Interessante que hoje em dia tudo é feito "em bloco" - as pessoas estão perdendo seus gostos individuais, o que eu tanto preservo. A média está ficando cada vez mais baixa. As pessoas precisam de aprovação para viver.Isso está me incomodando. 
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PS1: adoro receber cartas manuscritas!
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PS2: eu tenho telefone, se queres saber sobre a minha vida, me liga - não precisas ficar brincando de detetive!

sábado, 2 de julho de 2011

O dono do meu coração....


http://chicobastidores.com.br/ 
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